Estou aqui no meu quarto comendo uma
bisnaguinha com patê de alcachofra e pensando se eu quebrei o pé na última
segunda-feira. Acho que se eu tivesse quebrado o pé não estaria andando, mas
realmente dói quando eu coloco a mão. Coloco a mão no pé e como a bisnaguinha,
o importante é ser feliz. Nojo eu só sinto do patê que fede um pouco e nem é
gostoso.
Também enfrento problemas com a minha orquídea.
Ela está morrendo e a culpa é minha. A culpa é toda minha. Não sei regar, não
sei onde devo deixá-la, não sei se quebrei o pé e preciso saber tudo sobre o
salto com vara para terça-feira. Vocês sabiam que as pessoas morrem no salto
com vara? Vocês sabiam que eu moro com uma francesa e que eu a ensinei a mexer
na máquina de lavar? “Aperta esse botãozinho aqui”.
Será que vou ter que ir no hospital? Também bati
o quadril numa mesa e ficou roxo. Não esbarrei por ser gorda, esbarrei porque a
mesa era feia e eu estava nervosa por ser pobre e achar muito caro. Acho tudo
muito caro. Eu estava dentro de uma loja etc. Tive que disfarçar a dor no
quadril e comprar uma mesa redonda. Também disfarcei quando quebrei o pé.
E esses três paragrafinhos também fazem parte
de um grande disfarce. Esse texto deveria ter saído ontem. Ontem completamos
cinco anos de Blogspot e acho que chegou a hora de admitirmos que este blog
está morto. Até a minha orquídea está melhor que isso aqui. Eu perdi aquele meu
lance juvenil de escrever sobre os caras que me deram foras e o pior, me formei,
ou seja, meu ódio maior ficou no passado.
Não que eu tenha parado de odiar as pessoas,
ainda temos muito rancor para queimar etc. Taí uma capa de revista que gostaria
de ver: emagreça 20kg sentindo ódio. No final você morre, mas o importante é
ser magra. Nossa Taísa, que horrível, vamos amar as pessoas como se não
houvesse amanhã? Sim, vamos!!!!!! Eu só preciso de um plano.
Poxa, e sempre escrevo as mesmas coisas, mas
daí me dizem que só cheguei até São Paulo por causa desse blog que eu amo odeio
amo odeio amo odeio amo odeio amo odeio amo odeio amo odeio amo odeio amo odeio
e que eu deveria seguir escrevendo e tal. Daí outros dizem que só gostam quando
eu escrevo uma história com começo, meio e fim, “tipo aquela da conjuntivite”.
Poxa, tenho medo de vocês. Eu odeio vocês. Galera, isso é só uma página da
internet. Ou será que é a minha alma? Geração idiota. Aliás, quem foi o imbecil
que inventou a internet? Não gosto dele.
Tá, mentira, eu super gosto, mas que eu não sei
viver não dá pra negar. Eu não tenho a menor ideia do que eu estou fazendo
agora, não tenho a menor ideia do que vou fazer amanhã e eu não consigo nem
pedir uma pizza de tanta ansiedade e nervosismo. Liga pra pizzaria e depois
começa a suar do lado do interfone, e se eu não ouvir o interfone? Não, vou lá
no portão, vai que ele passa reto? E isso com tudo, vou me arrastando pelas
paredes com medo de perder algo, com medo de não ver alguma coisa, com medo de
algo que, porra, nem sei. Daí você vai no médico e ele diz “tem que tomar
Fluoxetina”, daí você diz “Fluoxetina não, perde a libido. Eu não tenho nem um
emprego e agora você quer tirar a minha libido?”. Você não odeia a medicina?
Ah, tem que fazer análise? Trezentos paus por semana na análise. Você está
bêbado? Por que eu não consigo sentar a minha bundinha na banqueta e ficar numa
boa? A bisnaguinha acabou, mas estou comendo um Cebolitos e andando pra lá e
pra cá no meu quarto pensando que eu não tenho um emprego, que o dinheiro vai
acabar, que eu deveria escrever um email mandando sabe-se-lá-quem a merda, que
eu vou ter que voltar para Santa Catarina e ser vendedora de loja do Balneário
Camboriú Shopping.
Sim, eu sei, no fundo eu sei, eu consigo ver o
quanto estou exagerando. Para toda Taísa correndo pra lá e pra cá existe uma
outra Taísa parada que diz “CALMA GALERA VAI DAR TUDO CERTO EU TENHO UM PLANO”,
mas a Taísa correndo é mais esperta e mais magra, saí correndo, fala sem
pensar, escreve email, chora que nem uma idiota, não consegue abrir uma garrafa
de vinho, mas acha chique beber sozinha. “Vou escrever pra caralho bêbada,
altos contos”, mas daí esfarela a rolha e depois pega o coador de café e passa
o vinho no coador de café para tirar os pedacinhos da rolha e a Taísa séria
pensa que o fracasso só pode ser isso. Taísas coadjuvantes nem sérias nem
corredoras assistem a tudo, algumas se contorcem, outras dão risadas, outras
escrevem um email. Todas parecem com a Maria Sharapova. Taísa passou a vida escrevendo
um email de um milhão de caracteres. Nunca ninguém entendeu nada.
Você já foi modelo? Sim. Você é do sul? Sim.
Você quer trabalhar com moda? Não. Você ainda participa de eventos de modelo?
Não. Quer sair pra jantar qualquer dia desses? Não. Não precisa ser grossa.
Poxa, eu nem sou grossa, só não tenho estrutura emocional para certas
atividades. Além do mais, prefiro passar patê de alcachofra no meu pé e lamber
depois. Tá bom, fique com esse seu pé quebrado, você nem é tão bonita assim.
E com todo
esse estudo podemos constatar que eu não aprendi nada nesses últimos cinco anos,
que eu sou apenas uma frutinha do meu tempo, viciadinha no celular, achando que
sabe escrever alguma coisa, mas você não sabe. Vai escrever suas poesias de
criança e deixa a gente trabalhar. E eu vou, acho que vocês têm razão. O mundo
é um moinho.
Contei pra vocês que fui pra Argentina? Doidera
aquele cemitério. E virão outros. Arrasou Paris em chamas assim que eu conseguir
um emprego, pagar as contas e fazer crediários novamente. Vai ser show!!! No
fundo acho que é a rolha que dá o barato, mas agora eu preciso dormir que
amanhã tem o chá de panela da minha prima que vai casar. Só você não vai casar.
Ninguém nunca vai te levar a sério porque você foi modelo e saiu na Playboy.
Oi, me levem a sério? Eu nunca falei tão sério.
Acabou a reunião.
4 comentários:
CALMA TAÍSA VAI DAR TUDO CERTO
CALMA GLR VAI SER SHOW!
Como disse Warren Ellis uma vez "There is no god, no-one really loves anyone and you're going to die soon".
tipo isso
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