No show do Iron Maiden ninguém me leva

Retiro tudo que falei na postagem passada sobre renunciar aos meus bens materiais e ir morar no mato longe da sociedade. Agora eu quero ser rica e famosa. Não sei se vocês sabem, mas neste verão, com o objetivo de fazer uma pequena poupança (tão pequena) para finalmente me mudar para São Paulo ou adjacências, aceitei um trabalho temporário como recepcionista de um hotel de luxo. Porém, muita pobreza para o meu lado, muita humilhação, dois empregos, sub-celebridades e muitas milhas de transporte coletivo por um salário ainda pior que o de jornalista.

Tudo bem, a vida é um grande aprendizado e quando estiverem produzindo meu "E! True Hollywood Story" vou lembrar de todas essas coisas com muito carinho no coração e etc. E tudo caminhava nesse ritmo de miséria até ontem quando conheci de perto como é a vida dos ricos e famosos. Fatboy Slim, um rapaz britânico que toca músicas legaizinhas como Praise You e Rockfeller Skank, se hospedou no hotel que trabalho e no fim dos expedientes da vida acabei indo junto com ele e equipe para o tal do show.

Mesmo não sendo o estilo musical que toca no meu iPod, achei bem interessante o convite e de quebra ainda levei a Guigui (minha irmã). Só que eu não tinha ideia de que seria uma coisa tão, digamos, imponente. Para começar tivemos uma escolta policial. Particularmente achei essa parte muito divertida, pois havia uns bons quilômetros de engarrafamento e o comboio simplesmente passou para a pista do lado com várias sirenes e essas coisas legais da nossa querida polícia brasileira. Imagine se a vida fosse sempre assim quando há trânsito.

Quando chegamos no local houve o estouro da boiada. Tivemos que correr dos fãs (uma pequena mágoa: ninguém de vocês leitores corre atrás de mim) que tiravam fotos e gritavam de forma efusiva. Foi bastante tenso. Percebo que realmente nasci para ser pobre e ter apenas vinte leitores. Amo a minha vida e retiro o que falei no primeiro parágrafo.

Beleza que uma situação como essa dificilmente se repetirá na minha vida, porém, farei uma nota mental para que, se acontecer, eu não vá de salto. Eu nunca uso salto, mas nessa ocasião resolvi fazer a 'elegante' e usar uma roupa 'de domingo'. Sou cafona, enorme, sem nenhum senso de espaço e não deve ter sido uma cena bonita eu me equilibrando e tentando andar/correr ao mesmo tempo. Descoordenada que sou, no camarim derrubei um copo cheio de vodka e fiquei muito emocionada diante da comida grátis. Sempre entro em um frenesi de alegria quando vejo que há comida grátis. Entretanto, não quebrei nada e nem cai. Também ninguém brigou comigo. Acho muito legal quando ninguém briga comigo.

O show foi a parte surpreendente, já meio bêbada resolvi tirar todos os meus movimentos de dança do armário e espero não ter ofendido ninguém, já que eu também estava no palco. A minha irmã dança bonitinho igual a todas as meninas, só eu que não, apenas para deixar claro. E agora estou com esse problema, por ter gostado tanto da festa, será que nasci para ser baladeira, pirigoethe e estou levando uma vida acadêmica de sofrimentos apenas em vão? Seria tão mais fácil viver e eu nem precisaria decorar as letras das músicas de metal para impressionar os gatinhos cabeludos nas festas que geralmente vou.

Dentre outras coisas vale ressaltar que a imagem envolvendo cocaína e strippers não se confirmou. Até as festas que acontecem na laje da minha casa são menos 'família' do que essa. E também não precisei manter nenhum tipo de relações íntimas com ninguém, como algumas alfinetadas lá no trabalho quiseram sugerir. Sei lá, parece que vivo olhando as coisas de longe, como se fosse uma espectadora da minha própria vida. Viver é muito complicado. Agora curtirei cinco dias de férias porque aqui ninguém é palhaço.


Se bem que pra mim só falta aquele tal de nariz vermelho.

4 comentários:

Dra Lao disse...

"pirigoethe" foi legal

Wilker Melo disse...

Também gostei do 'pirigoethe', ficou bastante erudito... Vai que isso se espalha e a moda pega...

Leonardo Petersen Lamha disse...

Queria comentar só uma coisa do teu post anterior:

É possível não ser hipócrita? Como não dar um tiro na cabeça ao se dar conta da realidade? Como não soar ridícula ao levantar essas questões sem estar bêbada em uma mesa de bar?

Ninguém perguntou, mas, sob o risco de soar fanático, recomendo sobre isso a leitura do tal do David Foster Wallace.

Aqui tem um trechinho que resume muita coisa dele, justamente sobre sua frase: http://objectoquase.tumblr.com/post/4301015598/mariod-fallen-in-love-with-the-first-madame

Não é a toa que ele é tido como um desintoxicador de ironia. Pelo seu blog e pelas suas questões, tenho certeza que faria um bem danado pra tua alma.

Taísa disse...

Obrigada pela dica, vou ler sim.