37 momentos que irão definitivamente restaurar a sua fé na humanidade

Assistindo a  um episódio de Friends de 1999, sinto, pela primeira vez em dois anos, que existe alguma esperança no amanhã. Tirando o fato de que meu nariz não para de sangrar por causa da altitude da montanha (estações de esqui, como eu as odeio), abraço a ideia de que sou uma vencedora. Conseguir acordar, levantar da cama e me olhar no espelho. Uau, imaginem a cara do Dr. R, meu ex-psiquiatra, lendo isso. Esses dias, aliás, uma amiga mandou uma foto dele no WhatsApp.

AMIGA: Nossa, esse era seu terapeuta??? Que guaaaaapo" (Eu contei exatamente quantas letras A ela usou na mensagem original, sei lá, pareceu importante)
EU: Sim, lindo e excelente.
AMIGA: Mas cara de bróder e jovem. E cobra uma bica.
EU: Cobra.

O importante é que agora eu tenho um plano. Minto, tenho, inclusive, dois. O plano A e o plano A+. Ambos os planos envolvem concluir a faculdade de Letras e publicar meu livro. O que muda é a cidade escolhida. Obviamente precisarei de um emprego. Olá senhor (a) recrutador da empresa Y que digitou o meu nome no Google e caiu nesse blog, queremos trabalhar, sim, queremos, que tal pagar (não precisa ser muito) para ver? Enfim, não é ótimo ter um objetivo na vida? Claro que tem um plano B. Sempre tem. E nesse projeto alternativo posso até escolher entre morar com a minha mãe ou com o meu pai, não é maravilhoso?

Antes de ontem tomei outra decisão que mudará a vida de milhões de pessoas. Resolvi que não vou mais escrever sobre sexo para a revista Z. Acho que nada a ver uma pessoa que chora toda a vez que tira a roupa escrever sobre sexo. Ou estou enganada? Foi como ser demitida, só que ao contrário. Fico triste, claro. Porém, é bacana ser honesta comigo mesma. É como vestir uma calça de moletom e um absorvente noturno. As possibilidades são imensas. 

Agora que, definitivamente, tenho zero fontes de renda, me pergunto: como vou me alimentar? Falando nisso, tenho engordado um quilo por semana. Nem tenho dinheiro para comprar tanto croissant. Talvez seja o nosso querido Hipotireoidismo, mas quem tem condições de fazer um exame de sangue nos dias de hoje? Preciso apenas de um tempo para elaborar uma estratégia. Falando nisso, pago academia? Paro de comer? Dirijo até a praia e depois corro na orla? Se ao menos eu conseguisse parar de beber uma garrafa de vinho por dia.

É uma droga ter que cuidar do próprio peso. Deus, que droga que é. Sempre que mastigo a minha salada sem sal tenho vontade de chorar (e choro). Engordei 14 quilos em 7 meses. E eu nem ligo para o meu corpo mole e repleto de celulites. O que me incomoda é que a minha cabeça fica muito menor do que o corpo. Meu joelho é maior do que o meu crânio e não há plástica que resolva esse problema. Se ao menos eu tivesse um cabelo armado. Vou comprar um laquê. Isso deve resolver. 

Não consigo lembrar da última vez que escrevi alguma coisa (esse blog tosco não conta) e começo a sentir saudades do menino Jornalismo. Como eu o amei. Se alguém topasse me dar um empreguinho, aquele cargo honesto de repórter, acho que eu voltava. Sei que fiz grandes discursos sobre ter largado a profissão, mas na verdade foi ela que me largou. 

Tirando algumas reportagens, nunca fui realmente feliz na graduação que escolhi, acho, lembram como eu era feliz? Ou não era? Ou era?

Começo a sentir muita saudade do meu ex-apartamento, dos cinemas, da minha room mate, quase tão deprimida quanto eu. Essa é a segunda vez que passo um tempão fora do Brasil, deveria tirar de letra essa coisa de "homesick", mas é difícil. Principalmente quando a própria mãe é dona dos pinschers mais adoráveis do planeta. Preciso aproveitar a França, frequentar direitinho as aulas (que vocês ajudaram a pagar no crowdfunding) e esperar que algo aconteça. Algo deve acontecer. Alguém vai me mandar um e-mail me convidando para fazer alguma coisa. Se bobear alguém me pede em casamento ou alguma editora se sensibiliza com o meu livro. Qualquer coisa.

O problema é que no meu livro eu não escrevo como aqui. Daí o pessoal lê meu trabalho "sério" e diz que "não conseguiu me encontrar na obra" ou que "não é honesto como as outras coisas suas que li". Eu poderia ser o próximo Marcel Proust, mas vocês preferem meu blog pessoal. 


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