Repare que nesse texto nem estou puta e praticamente vejo flores em você

Este blog está comemorando hoje quatro anos de existência. Claro que eu tenho certa vergonha de ter um blog pessoal; grande parte das pessoas 'descoladas' tem blog, mas elas falam sobre literatura, cultura, cinema e o escambau. Nunca sobre a própria vida, afinal, é um erro se expor na internet e toda aquela conversa que vocês já sabem. Porém, nunca entendi muito o perigo de eu escrever que "levei fora do fulaninho" ou que "eu quero um emprego em São Paulo", sério, o que é que podem fazer: Sequestro? Não tenho um tostão no bolso e a minha mãe nem tem telefone para que o possível resgate seja negociado. Fora que revelo pouquíssimo sobre o mim. O argumento que cabe é: "você banaliza a sua vida"; ou que escrever aqui é insegurança, narcisismo, problemas com a mãe, vontade de matar o pai, mágoa de não ter pênis e o baile todo da psicanálise. Entretanto, só consigo lançar um "e daí?" para a sociedade.

 

Mas lendo atingiu bom senso

 

Já que estamos celebrando o nada e a insignificância da minha existência, vamos falar de coisa boa? Nesses quatro anos eu mudei radicalmente, principalmente depois que voltei do México. Não me encaixei mais em lugar nenhum e sigo praticamente sozinha pelas quebradas da vida. Contudo, hoje falarei apenas das mudanças literárias desse período. A partir de 2007, li alguns livros que foram um verdadeiro soco na cara; autores que envolveram a minha rotina em outro significado e fizeram com que eu não suportasse as coisas que costumava suportar. Obras que mais tarde na vida chamarei propriamente de 'clássicos' devido a sua magistral influência em mim e não porque a humanidade assim os classificou. Antes dessa data obviamente que li muita coisa, mas quem sabe eu não tivesse o discernimento ou a maturidade para formar conceitos e ir atrás de autores mais complexos. Estava naquele humor infantil de "desligue a televisão e vá ler um livro", ou seja, estava no negócio pelo hype, e como diria a Sandy: "eu cresci e agora sou mulher, tenho que encarar com muita fé".  Hoje sei que leio com vontade e a vida nunca foi tão bonita aos meus olhos. Segue a lista com quinze desses livros:

 

1. A Montanha mágica – Thomas Mann.

2. O jovem Törless – Robert Musil

3. Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister – Goethe

4. Extinção – Thomas Bernhard.

5. A vida nos bosques (Walden) – Thoreau.

6. Enquanto Agonizo – Willian Faulkner.

7. O som e a Fúria – Willian Faulkner.

8. Complexo de Portnoy – Phillip Roth

9. Meridiano de Sangue – Cormac McCarthy

10. Mrs. Dolloway – Virginia Woolf.

11. Ao farol – Virginia Woolf.

12. O sol também se levanta – Hernest Hemingway.

13. Notas do Subsolo – Dostoiévski.

14. O retrato do artista quando jovem – James Joyce.

15. Felicidade Conjugal – Tolstói.

 

Indiquei romances, mas li e recomendo muitos poemas; autores como Emerson, Sylvia Plath, Robert Frost, Yats, Keats, Emily Dickinson e Walt Whitman são destaque. Muita coisa apareceu por causa da minha graduação em Letras em Inglês e outras devido a indicação de amigos; sempre caminhei meio sem rumo pela literatura e a graduação, apesar de imbecil em diversos sentidos, ao menos me ofereceu um contexto e uma lista de sugestões. Também li muita besteira e devo ser a única pessoa no país a ler todos os livros de vampiros, zumbis e sacerdotisas virginais disponíveis do mercado. Porém, uma boa notícia: no Réveillon, quando estava comendo algumas uvas, jurei que não iria mais perder meu tempo lendo bobagens. Até agora estou de acordo com o prometido, mas não sei qual será a minha atitude se Vampiros de Manhattan cair na minha mão. Ou uma literaturinha pornô de mulher casada. Vamos aguardar.

 

A maioria dos livros que indiquei não é extensa e nem sempre são a obra principal do autor. Dostoiévski por exemplo, li "Crime e Castigo" e "Irmãos Karamazov" lá pelos dezessete e quando li "Notas.." fiquei deslumbradíssima, achei sensacional. "O Jogador" não entrou na lista, mas fica aqui também a dica. Falar de literatura é sempre complicado, há o medo de cair no simples pedantismo, mas que a lista aqui sugerida não seja encarada como prova de qualquer coisa etc. Ah, e nada de pelar o saco pelo Hemingway e suas "frases curtas que mataram a literatura etc.".

 


10 comentários:

Tamara disse...

Gostei da nova vibe do blog ;) E eu ainda estou me aventurando pelas terras da literatura.

Vamos que vamos para o 9º e 4º períodos. Loucura!

Abraços,

Tamara

Leonardo Petersen Lamha disse...

Pô. A Experiência me ensinou que é muito mais fácil cair no ridículo falando de literatura do que da própria vida (sem querer tirar o seu mérito ou o motivo de celebração que dá mote ao post). Mas é isso aí: escrevê, caí e levantá.

beta(m)xreis disse...

vc me diverte.

(isso não é ruim. parece que vc sabe.)

isinhat disse...

Então... tem uma coleção nova de livros sobre vampiros chamada "Vampire Academy", tenho os 3 primeiros em inglês, quer? :D

kkkkkkkkkkkkkkkk

Brincadeiras a parte (mas falando sério, eu tenho os livros), tua vida não é tão ruim quanto a minha (ambas temos 2 empregos e fazemos 2 faculs). E se eu não fosse tão preguiçosa atualizaria meu blog com mais frequencia.

Ah, adorei a nova cara do blog.. :)

Taísa disse...

Super quero emprestado.

Tathiana disse...

Adoro essas dicas de leitura, mesmo quando não tenho tempo de ler nada. Daqui a pouco não terei sequer tempo de pensar e cairei nas garras da não-existência ("penso, logo existo). Emburreço a cada dia. :(
BJs.

Alexander Niedermayer disse...

Grande lista, já li alguns deles. Fiquei impressionado mesmo com A montanha mágica, indicação de um senhor que um dia sentou ao meu lado no ônibus e depois disso nunca mais o vi. Hans Castorp afetou a minha vida de uma maneira irreversível.

Anônimo disse...

É muito bom te ver assim. Esse curso de Letras, pelo visto, te faz muitíssimo bem. Fico feliz. Um dia ainda te alcanço nos livros (na realidade quando chegar o dia que eu abrir esse post e confirmar, orgulhoso, que li todos, haverá uma lista totalmente nova em algum lugar já).

Sinto tua falta. Apesar de termos perdido contato, meus abraços continuam fortes. Devolve meu Fogo contra Fogo e bora pro motel.

Taísa disse...

É nóis, vai lá em casa, teu filme te espera.

Anônimo disse...

Não sei mais teus horários, blondie. Haha. Gostava dos tempos em que eras uma hobo e tavas sempre disponível.