Colin Farrel dando instruções: como ser um babaca e supostamente fazer sucesso

Depois que cortaram a minha nobre televisão por assinatura percebi que uma onda se sentimentalidade se apossou de mim. Caldeirão do Hulk, por exemplo, tem feito com que eu caia em lágrimas a todo instante. Poxa, o moleque da favela curtia surfar e daí o Luciano resolve levá-lo para conhecer o Kelly Slater no Havaí. Brasil, que emoção! Quanta nobreza! Depois ele ainda convida o pai do menino para participar de uma prova no palco e ganhar dinheiro para comprar uma casa. Não o bastante, ele pega e reformula toda a escolinha de surf, soca todo mundo de dinheiro e ainda me faz chorar. Quanto entretenimento! Porém, que a caridade me perdoe, ainda fico com Sílvio Santos e não abro. Nada com um velho senil que adora humilhar criancinhas no palco. No último domingo um infanto vestido de Michael Jackson jurou por Jesus que iria dançar até morrer. Lanço a pergunta: o evangelho sempre renderá humor? Falar em humor me lembra de um grande segredo de família que descobri na última sexta-feira. Fui saber pela minha irmã que quando eu tinha uns sete anos a minha mãe proibiu toda a família de falar para mim o quanto eu dançava mal. Nessa idade eu frequentava aulas de dança ucraniana na igreja perto da minha casa e tinha muita dificuldade em aprender os passos. Segundo os anais da história, uma parte do clã Szabatura queria me contar a verdade e dizer que eu não levava jeito para coisa, a outra parte defendeu que eu deveria perceber sozinha o que eu queria. É com muita tristeza que constato que eu poderia estar viajando com a igreja ucraniana dançando país afora, entretanto, não tive talento e agora estou aqui; velha, encalhada, blogueira. Vejam, pelo menos com sete anos a minha mãe se preocupava com a minha integridade, já hoje, como diria aquele funk "se me vê agarradu cum ela separa que é briga tá ligado".

Estava bem feliz no shopping vendo as vitrines e decidida a pagar a conta da C&A, quando...

Entro numa livraria dar uma olhadinha nos lançamentos e tal. Cumpro a rotina habitual: olho, olho, abraço boa parte da mercadoria, desejo muito, faço uma oração pedindo dinheiro a deus e vou embora. Mas alguma coisa diferente aconteceu. Percebi as coisas dando errado quando eu estava folheando a revista Capricho que tem o vampiro do filme "Crepúsculo" na capa. Não sei como era exatamente a feição do meu rosto, mas acredito que era um misto de safadeza no olhar com pensamentos totalmente impuros que fizeram com que fosse impossível disfarçar qualquer coisa diante da imanência de um conhecido. Ninguém menos que um professor universitário resolve aparecer e cortar o meu barato. Corei na hora e comecei a folhear a Veja com ódio. Ninguém aparece quando estou lendo a Ilíada. Estava prestes a ir embora quando resolvo perguntar para o funcionário se por acaso ele teria o livro Meridiano de Sangue, do Cormac McCarthy que procurei a semana toda nas bibliotecas da região. Depois disso não lembro mais de nada, não sei quantos passos dei em direção ao caixa, nem como consegui tirar dinheiro da carteira. Só consegui voltar da epifania do lado de fora da loja quando vi o slogan da C&A e lembrei no que o dinheiro deveria ter sido originalmente empregado. Quando comecei a me sentir realmente culpada já estava dentro do cinema torrando o resto da prestação. Sou irrecuperável.

Minha querida vida social

O problema está em ir no bar e perceber que a sua mesa vai agregando pessoas que são amigos de não-sei-quem. Esse é um risco que tenho medo de correr. Fulaninho é a cara do ator Colin Farrel e o papai deu carro. O jovem era realmente um primor. Fumava sem tragar, fazia pose e ainda nos mostrava as técnicas utilizadas pra chegar naquela "poker face". Foi lindo, amei. Confiram aqui o vídeo estupendo do Stewie Griffin de Family Guy assassinando o ator irlandês.

7 comentários:

Taísa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ari Denisson disse...

Por isso que eu boto sempre um "clips" com o dinheiro na fatura.

Seus títulos são sempre fabulosos. E o velho Senor é de longe muito mais direto na humilhação que o marido da Ksyvickis: aquele, ao contrário deste, manga das coitadas de suas vítimas na mesma hora em que as avilta.

Já na minha cidade, se você fosse ver um filme 3D, podia dar de cara com um puliça querendo entrar de graça: http://migre.me/noEG

Taísa disse...

Sim, eu vi na televisão essa história. Só no Brasil-sil.

Tamara disse...

"Nessa idade eu frequentava aulas de dança ucraniana na igreja perto da minha casa."

Ai, que engraçado!

Sinclair disse...

não, baby, só em Alagoas.

ai, eu me lembro de mim qdo leio vc. saudades, eu diria.

borges disse...

o FX devia fazer parceria com as escolas brasileiras. Seria um ganho bruto na qualidade do ensino médio e fundamental!

BLOG do GIBA de OLIVEIRA disse...

Tem uns canais bem bacanas que eu sempre assisto e choro muito...deixa eu ver: POLISHOP e TV SENADO.
Agora o Sílvio só não engole mais criança desde que aquela menina de Santa Catarina mandou a piada do Poste, Grávida e bambú...kkk
Vc é sempre uma ótima leitura.
Parabéns e obrigado.

beijins

PS: Ah, se puder visite meu blog também. Não escrevo como vc mas tem umas fotinhas...rerere.
http://gibadeoliveira.blogspot.com