Um salve para as garotas que gostam de calcinhas enormes e nada sensuais

Estou no trabalho, mas eu realmente gostaria de estar em casa vendo um musical ou algo assim. Gostaria de estar esparramada só de calcinha no sofá da sala me empanturrando da mais pura Nutela de colher. Cantar a trilha sonora de forma errada e desafinada também faz parte do cenário. Hoje moro com dezenas de milhares de pessoas e não passo um único segundo da minha vida sozinha. Tô lá, toda vestida, suando litros e assistindo GloboNews com meu pai. Nessas horas que lembro da minha longa estadia no México. Dispunha de um belo quarto com wireless e ar-condicionado. Tudo bem que eu só ficava de calcinha pois nenhuma outra roupa conseguia comportar os dezoito quilos que eu ganhei por lá, mas mesmo assim, era uma liberdade. Cansei de estudar como um zumbi. Começo achar chato ter que ler um conto de 20 páginas pelo menos umas três vezes pra saber se os personagens são planos ou redondos; se não-sei-o-que-lá é intradiegético ou extradiegético, se o narrador é não-sei-como. E as matérias de jornalismo estruturadas na mais pura encenação, um falso conhecimento tão grande que se eu parar pra pensar no conteúdo que estão me passando tenho até vontade de chorar. O bom é que sempre tem uma matéria ou outra para salvar o contexto. Fico nessas divagações quando em teoria não tenho nada para fazer; deveria ler a Unidade B do material de Linguística Aplicada, organizando a minha mesa, onde derrubei café etc. Não faço nada, olho para a claridade e enxergo tudo preto por alguns segundos. Já deu meu expediente, li a Folha, tomei todo o café do prédio e ainda preciso reunir as tralhas para ir caminhando até a faculdade. E os grandes planos? Quero passar uns dias em São Paulo, pensar em conseguir um emprego de férias que proporcione riqueza e conforto, ler Guerra e Paz, tirar as roupas de inverno do guarda-roupa. Não faço nada, mas puxa, como penso nisso nessas tardes que vivo em espera.

5 comentários:

Anônimo disse...

Quase um conto erótico!

Júlio Sandes disse...

Poderia ser pior.

Marcelo Labes disse...

as tardes em espera são sempre terríveis. mas por que a gente as torna suportáveis? o dia em que eu ascender, transcender ou fugir vai ser à tarde, só pra provocar.

Marcelo Labes disse...

hey, taísa, como se faz pra - eis a minha prepotência - compartilhar sinapses contigo? acho que já fiz essa pergunta uma vez. se não, deveria ter feito.

Tamara disse...

www.lingerie.com.br
Talvez sirva pra você! :P

Beijos