Quando dou por mim estou na sacada da cozinha toda desgrenhada. O moletom está sujo de chocolate e estou com um pé do chinelo branco e outro pé do chinelo verde. Coloco as mãos na cintura, estufo a pancinha e penso rapidamente em tudo que aconteceu no último ano. Estufo a pancinha um pouco mais. É preciso conquistar algum conforto para relembrar certas coisas.
Bate uma vontade louca de dar uma gargalhada histérica digna de quem foi possuída pelo demônio. É um misto de euforia, alegria e dor. Dois mil e onze quase me matou. E agora eu estou nessa sacada. Essa sacada é minha. Eu sou a rainha dessa sacada. E toda aquela mágoa da qual eu ainda não consegui me libertar me dá dois minutos de descanso.
Nesses dois minutos eu vi meu pai vencer o segundo o câncer. Eu escrevi um livro-reportagem. Eu viajei para Cuba. Eu retornei ao México. Eu conheci três ilhas do caribe. Eu aprendi a cantar o hino da Marinha do Brasil. Eu me formei em Jornalismo. Eu removi uma tatuagem. Eu desisti de casar. Eu frequentei um cemitério só de biquíni. Eu afaguei todos os gatos que encontrei na rua. Eu me perdi no meio do mato e sobrevivi. Eu escutei toda a discografia do Neil Diamond. Eu tentei tomar whisky puro. Eu li metade de um livro de auto-ajuda do Dalai Lama. Eu escrevi dois diários. Eu comecei a passar creme anti-rugas no rosto. Eu abandonei a faculdade de Letras. Eu descobri o Kindle. Eu escrevi um release sobre banheiros químicos.
É legal aqui. Eu raramente passo tanto tempo na sacada da cozinha, mas tem um degrauzinho, dá para sentar com o computador no colo e escrever. Eu gosto muito de degrauzinhos. É aqui que meu pai guarda todos os lixos do mundo, como aquele guarda-roupa que a vizinha jogou fora e ele achou que daria uma ótima estante. Quero ver se ele vai se virar sozinho agora que eu vou me mudar. Se bem que ele morou sozinho naquele ano em que eu me piquei para o México. Eram outros tempos, entretanto. Vamos torcer para que a casa não vire cenário para “Lixo Extraordinário II”. Eu tenho um sonho.
Falando em escrever, nesse ano eu escrevi como uma demente. Eu escrevi muito. Eu quase perdi a mão de tanto escrever. Depois eu achei que tudo ficou uma bosta e me senti uma imbecil. Na minha cabeça são textos ótimos, mas algo se perde na hora de passar para o papel. As pretensões literárias são grandes encheções de saco, se vocês querem saber. Olhe o tamanho do meu saco. Pegue aqui. Queria ter obtido sucesso na minha carreira adolescente de modelo. Hoje estaria tirando fotos quase nua em vez de estar numa sacada cheia de lixo postando no meu blog pessoal. Tá, mentira, nem queria, foi só um charminho-me-achem-bonita-já-fui-modelo. Passou.
E a partir da metade de janeiro o plano é continuar fazendo as mesmas coisas de sempre, só que em outra cidade. Aposto que vocês vão adorar as ~ aventuras e confusões ~ que vou aprontar em São Paulo. Quando digo “vocês” eu me refiro aos seis leitores que sempre torraram a paciência e o meu email com “Ei, você abandonou o blog?”. Tá, mentira, eu curto os emails eu-adorei-o-seu-blog-please-go-on. Aliás, são os únicos emails que recebo. Esses e os da minha ex-universidade me oferecendo vaga de estágio. Fofa, me formei, se liga.
Agora eu só preciso perder essa pancinha e ganhar um Playstation. E aquela nova tradução de Guerra e Paz. E uma calça preta. E uma mala de viagem grande com rodinhas.
As formigas estão me expulsando da sacada. Eu poderia matá-las, mas me transformei em uma mulher querida e simpática. Mulheres queridas e simpáticas não matam formigas em sacadas, não são grossas e não usam sutiã bege sem arame. Simplesmente não usam.
Bate uma vontade louca de dar uma gargalhada histérica digna de quem foi possuída pelo demônio. É um misto de euforia, alegria e dor. Dois mil e onze quase me matou. E agora eu estou nessa sacada. Essa sacada é minha. Eu sou a rainha dessa sacada. E toda aquela mágoa da qual eu ainda não consegui me libertar me dá dois minutos de descanso.
Nesses dois minutos eu vi meu pai vencer o segundo o câncer. Eu escrevi um livro-reportagem. Eu viajei para Cuba. Eu retornei ao México. Eu conheci três ilhas do caribe. Eu aprendi a cantar o hino da Marinha do Brasil. Eu me formei em Jornalismo. Eu removi uma tatuagem. Eu desisti de casar. Eu frequentei um cemitério só de biquíni. Eu afaguei todos os gatos que encontrei na rua. Eu me perdi no meio do mato e sobrevivi. Eu escutei toda a discografia do Neil Diamond. Eu tentei tomar whisky puro. Eu li metade de um livro de auto-ajuda do Dalai Lama. Eu escrevi dois diários. Eu comecei a passar creme anti-rugas no rosto. Eu abandonei a faculdade de Letras. Eu descobri o Kindle. Eu escrevi um release sobre banheiros químicos.
É legal aqui. Eu raramente passo tanto tempo na sacada da cozinha, mas tem um degrauzinho, dá para sentar com o computador no colo e escrever. Eu gosto muito de degrauzinhos. É aqui que meu pai guarda todos os lixos do mundo, como aquele guarda-roupa que a vizinha jogou fora e ele achou que daria uma ótima estante. Quero ver se ele vai se virar sozinho agora que eu vou me mudar. Se bem que ele morou sozinho naquele ano em que eu me piquei para o México. Eram outros tempos, entretanto. Vamos torcer para que a casa não vire cenário para “Lixo Extraordinário II”. Eu tenho um sonho.
Falando em escrever, nesse ano eu escrevi como uma demente. Eu escrevi muito. Eu quase perdi a mão de tanto escrever. Depois eu achei que tudo ficou uma bosta e me senti uma imbecil. Na minha cabeça são textos ótimos, mas algo se perde na hora de passar para o papel. As pretensões literárias são grandes encheções de saco, se vocês querem saber. Olhe o tamanho do meu saco. Pegue aqui. Queria ter obtido sucesso na minha carreira adolescente de modelo. Hoje estaria tirando fotos quase nua em vez de estar numa sacada cheia de lixo postando no meu blog pessoal. Tá, mentira, nem queria, foi só um charminho-me-achem-bonita-já-fui-modelo. Passou.
E a partir da metade de janeiro o plano é continuar fazendo as mesmas coisas de sempre, só que em outra cidade. Aposto que vocês vão adorar as ~ aventuras e confusões ~ que vou aprontar em São Paulo. Quando digo “vocês” eu me refiro aos seis leitores que sempre torraram a paciência e o meu email com “Ei, você abandonou o blog?”. Tá, mentira, eu curto os emails eu-adorei-o-seu-blog-please-go-on. Aliás, são os únicos emails que recebo. Esses e os da minha ex-universidade me oferecendo vaga de estágio. Fofa, me formei, se liga.
Agora eu só preciso perder essa pancinha e ganhar um Playstation. E aquela nova tradução de Guerra e Paz. E uma calça preta. E uma mala de viagem grande com rodinhas.
As formigas estão me expulsando da sacada. Eu poderia matá-las, mas me transformei em uma mulher querida e simpática. Mulheres queridas e simpáticas não matam formigas em sacadas, não são grossas e não usam sutiã bege sem arame. Simplesmente não usam.
8 comentários:
Você até que teve um ano bom analisando friamente. Vai fazer o que exatamente em São Paulo?
www.cursoabril2012.com.br
www.cursoabril2012.com.br
se tu reclamar mais uma vírgula a partir do fatídico dia, te caço.
"Você até que teve um ano bom analisando friamente."[2]
E boa sorte desbravando os degrauzinhos de São Paulo.
"Eu frequentei um cemitério só de biquíni."
Pra que coisa melhor num ano, Taísa??
Pra quê?
Atualmente estudo em uma cidade interiorana, e estou indo para os dois
últimos períodos da faculdade. Assim, como você, não vejo a hora de me mudar para São Paulo, é inexplicável, sou totalmente fascinada por aquela cidade. Sim, eu sei, como vc tbm sabe de todos os problemas que assolam aquela a bela metrópole (violência, multidão, etc), no entanto, digo que, dos 3 meses que morei por lá, foi a cidade que mais me identifiquei, inclusive trabalhando em projetos sociais, convivendo com todo tipo de realidade, não apenas frequentando a Paulista ou, ainda, os inúmeros barzinhos da Augusta. Enfim, boa sorte nessa sua nova empreitada, e em 2013, espero estar chegando tbm. Abraços
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