Eu entendo a fixação das mocinhas pelo Neymar


Às vezes eu me pergunto se já mandei currículo para todas as empresas de comunicação do Brasil ou se estou esquecendo alguma. A minha esperança e fé na vida residem nessa empresa esquecida ou que será criada amanhã apenas para o meu deleite financeiro etc. “Bacana seu interesse em trabalhar conosco, mas nem vai rolar”, é o que mais tem no meu Gmail, e céus, como eu não tenho estrutura emocional para encarar o meu Gmail.

Outra opção é casar e dar check-in no Foursquare no estilo “I’m at microondas”, no leite das crianças, na discussão matinal do programa da Ana Maria Braga, debruçada na janela pensando se me jogo ou se fumo mais um Derby. Não, eu não vou poder fumar Derby, meu marido vai dizer “ui, odeio mulher que fuma, nossa, é ridículo fumar”. Sempre vale lembrar da clássica “Não é feminino fumar”. Poxa colega, que legal, você domina tudo de feminismo, vida saudável e redes sociais.

Você é o cara que consegue um emprego, até já vejo quem é você numa dinâmica de grupo e tudo que eu posso fazer é desejar que Deus exista para rir junto comigo quando chegar a hora. “Nossa Taísa, então você quer dizer que todas as empresas estão erradas por não enxergar o grande talento que você é e só contratam gente medíocre por comodismo?”, então, colocando assim eu me sinto meio imbecil, mas acho que a questão principal vai por aí, passa pelo materialismo histórico e desemboca nas novas realidades digitais que tanto transformaram o mundo no final do século XX e início do século XXI. Ou algo assim.

E sabe o que é o mais engraçado? Eu nem fumo. Tem dias que eu sonho com o passado e acordo fumando meu travesseiro, mas acho que isso é muito simples e muito natural na vida das mocinhas que abraçaram o feminismo e deixaram de fumar. Hoje em dia faço até chapinha, cuido do visual, malho e não exagero no sal. Tenho lido menos, não lembro a última vez que escrevi alguma coisa, mas meu cabelo nunca esteve tão bonito. Aliás, que porra é essa no meu cabelo? Veja, isso aqui não é uma crítica a superficialidade etc., sou a última pessoa desse mundo que pode apontar o dedinho e tal. Estou falando de retorno, na verdade eu não sei do que eu estou falando, mas a ideia é dizer que parece valer mais a pena (financeiramente) pentear o cabelo do que tomar coragem para abrir aquele Robert Musil. O que você faz por prazer é outra história etc.

Fora casar, posso perder mais um tempo significativo da minha vida tentando fazer com que meu pai não mate a minha mãe e minha mãe mate o meu pai. Tenho feito isso por um quarto de século e, uau, é tão divertido, pra que sair dessa, não é mesmo? Veja, eu moro apenas com o meu pai, dividimos um apartamento e somos “bróders”, não é o caso de eu morar na casa dele e cagar regra como uma pré-adolescente, mas , esse mote não pode rolar pra sempre, queria meu puxadinho em São Paulo, vocês sabem. Morar com o meu pai é muito divertido, de verdade, mesmo quando ele rouba caixas de papelão do lixo dos vizinhos e traz pra casa. “É para guardar documentos”.

Pai, quais documentos? Daí você abre a caixa e vê diversos jogos antigos da loteria e boletos de contas que nem foi ele quem pagou. Como não amar? Recentemente ele aprendeu a mandar mensagens de texto pelo celular e começou a colecionar panfletos de lojas de departamento em busca de um smartphone. “Só teve uma vez que não consegui mandar uma mensagem direito. Eu tava no ônibus e bem quando eu tava digitando o ônibus passou num buraco e eu apertei ‘send’ sem querer”.

Daí me dizem “eu moro sozinho, sou o senhor do meu destino e acho que você deveria fazer o mesmo”. Fala isso e depois derruba uma lágrima quando vê matéria no Fantástico sobre velhinhos abandonados em asílos. Eu queria que todos se dessem bem etc., mas nem posso escrever sobre isso. Lembra aquela vez que eu estava no oftalmologista e encontrei uma amiga da minha mãe que lia meu blog e ela começou a dar conselhos com conhecimento de causa? Nós não queremos que isso aconteça novamente.

Não sei qual é o momento certo de desistir. Aquele momento que você desiste de ser repórter e se inscreve no concurso do Banco do Brasil para ser “Técnico bancário” e tal (meu pai foi bancário). Eu acho esse momento muito triste, talvez eu até precise de um Derby e uma cerveja para vivênciá-lo com firmeza. Diante da inscrição eu olharei para o horizonte e direi: “É aqui que todas aquelas e vontades e anseios terminam, eu tentei, mas não deu pra mim, o cara que odeia cigarros, fez intercâmbio no Canadá e entende de redes sociais fará melhor trabalho, essa é a vontade de Deus. Assim falou Szabatura”.

Véi, eu amo viajar, conhecer novas culturas, caraca, muito foda”, uma pessoa que fala assim certamente não fuma e rouba a minha vaga. E o legal é que ela fala isso como se você não-gostasse-de-viajar-e-conhecer-novas-culturas, como se você tivesse a opção de fazer um intercâmbio em Paris, mas preferisse passar a temporada de verão trabalhando como recepcionista em um hotel de Balenário Camboriú. “Opa, Paris? Não véi, acho que vou ficar aqui e trabalhar doze horas por dia, vai ser melhor pra mim”. Isso me fode de verdade, isso é o que mais me fode na hora de entrevistas de emprego: o currículo muitas vezes fantástico que pessoas de merda sustentam.

Taísa, acho que o problema está em você e não nos outros candidatos, você é seu único inimigo”, aham, ok, diz isso pro meu diploma sem lastro, poderia me lamentar mais, mas poxa, eu já estou tão por baixo que acho que vou começar a me valorizar só pra ver qual é a vibe. “Taísa, também acho que você não deveria fazer postagens assim no seu blog, você viu que o comportamento nas redes sociais conta mais que inglês na hora de conseguir um emprego?”

Olha amigo, se você chegou até esse parágrafo e não sentiu vontade de me contratar por achar meu comportamento inadequado, eu apenas vou achar engraçado, de verdade, de todos os motivos do mundo, você escolhe esse. Se não for pedir muito, manda um email “Por que o teu texto inadequado da internet te mantém no desemprego”. Eu realmente quero saber. A sua opinião é muito importante para mim. Sem sarcasmo. Tá, 16,7% de sarcasmo.

Taísa, por mais que você tenha razão, esse seu texto está muito arrogante. Você precisa sorrir, falar que a-m-a conhecer novas culturas, fazer amigos, combater a desigualdade através das redes sociais, escrever coisas amáveis e cultas sobre o novo filme do Almodóvar, por exemplo. Mostre que você tem conteúdo.” Oi? Vocês ainda sentem vontade de viver?

“Larga o Derby e pulamos de mãos dadas, combinado?"

7 comentários:

Júlio Sandes disse...

Só Satan sabe como a sinceridade é o grande obstáculo entre os seres humanos e um emprego: minto descaradamente durante 6 horas/dia para manter o meu. Até tenho algum prazer, mas é aquela coisa, a prostituta que gosta de sexo não apanha menos por causa disso.

Mas ainda é cedo para o concurso do Banco do Brasil, não faça isso ;_;

Renan Accioly Wamser disse...

“Opa, Paris? Não véi, acho que vou ficar aqui e trabalhar doze horas por dia, vai ser melhor pra mim”. Isso me fode de verdade, isso é o que mais me fode na hora de entrevistas de emprego: o currículo muitas vezes fantástico que pessoas de merda sustentam. HUEAUHAEUHAEUH ri demais. Essa eh a mais pura verdade.

saudade demais do seu pai. Como eu gosto daquele cara. Quero reve-lo logo. =]

Daniel disse...

Achei fofinho demais. Tá ficando molenga.

Jajá vai dar opinião no programa da Luciana Gimenez.

Taísa disse...

Meu sonho sempre foi participar daqueles desfiles de lingerie do programa dela. Acho que ainda posso batalhar por isso.

Taísa disse...

Meu sonho sempre foi participar daqueles desfiles de lingerie do programa dela. Acho que ainda posso batalhar por isso.

Miniuka disse...

http://28.media.tumblr.com/tumblr_lufzl68TyZ1qzdi59o1_500.jpg

No mais, não perca a fé.

Flávia disse...

TE ENTENDO.