Às vezes eu imagino um estuprador cortando minha perna com uma faquinha de manteiga

A metáfora do Pokemón é mais ou menos a seguinte: eu sou o Ash e os meus problemas são as pokebolas que contém os Pokemóns. O Ash carrega uma mochila com as suas pokebolas. Eu carrego os meus problemas na minha mochila filosófica. A minha irmã fica com o papel de Picachú, já que ela não para de falar e está sempre do meu lado falando, falando, falando, falando, falando, pica, pica, pica pipi, pi, pi, pi, pi, picachu, chu, chu, chu.

Ash com as pokebolas na mochila.

“Nossa Taísa, ninguém aqui assistia Pokemón, com sete anos de idade estávamos em um clube de leitura sobre Balzac e tal”. Tudo bem, eu explico. Pokemón é um desenho japonês, bom, esqueça, eu não quero explicar o que é. Vá no Google, vá na casa do caralho, vá para outro blog.

O que eu quis dizer é que os meus problemas são tão idiotas que eu só conseguiria explicar com uma coisa tão idiota o quanto. Mas vale lembrar que não estou falando dos meus problemas sérios (ex.: tentativa de suicídio n° 9.876, não ter dinheiro para pagar o psicólogo), mas sim das pequenas coisas do dia a dia etc.

Ontem na escolinha (faculdade de Jornalismo) tínhamos que apresentar um trabalho e daí rola aquela trip de fazer Power Point etc. Uma amiga fez todo-o-trabalho-do-grupo-sozinha, mas faltava colocar a minha parte porque eu sou péssima e deixo tudo para a última hora. Eu não tenho culpa que elas curtem fazer uns power points artísticos com sete mil cores e fotos de golfinho e daí eu não soube colocar a minha parte. Então, outra amiga do grupo me ajudou. Nada mais normal que eu dizer para essa amiga ‘obrigada’. Porém, isso deflagrou a ira da amiga que fez-todo-o-trabalho-sozinha e não ganhou um ‘obrigada’ meu de imediato.

Juro. Juro que as minhas amigas, todas adultas, ficam profundamente magoadas por causa disso. E quando eu estava no meu computador lutando com o power point de golfinho, fulano começa a ter um ataque de insegurança do tipo “se você não me der oi agora eu nunca mais falo com você”. Falei que estava na aula e estava ocupada; muito poético ele me responde “então adeus”. Afinal, não sei por qual cargas d’água o Gtalk abre sozinho no meu computador. Fiquei com vontade de dizer “Cara, na moral, tem uns catorze rapazes chovendo na minha horta e eu não estou nem aí pra você”. Mas nãããããão, jamais poderia falar isso, seria arrogante e tal, fora que em realidade nem são catorze.

Ontem ainda era o aniversário da minha amiga Solange (nome fictício) e daí minha outra amiga queria que eu fosse no bar comemorar com elas etc. Detalhe: ontem era segunda-feira e eu não sou nenhum zumbi sedento de cerveja e farra. E mais, no dia seguinte (hoje), eu teria que acordar cedíssimo para ir trabalhar e  cheguei  acmpletamente faminta e exausta. Mandei uma SMS dizendo que não iria, a amiga nem me respondeu. Devo ter ofendido sete gerações de parentesco com essa atitude. No meu aniversário ninguém nem me liga e eu fico completamente de boa.

Estava pensando seriamente em chamá-las e dizer “vem cá, se eu te magoo tanto, se eu sou tão estúpida, sem noção, filha de satã, eu, por gostar tanto de vocês e não curtir ver tanto sofrimento nessas carinhas, prefiro encerrar a amizade aqui”, mas daí elas ficariam triplamente ofendidas, me chamariam de imatura, de babaca, não foi isso que elas queriam dizer etc etc etc ad infinitum.

Chego em casa da faculdade e a minha irmã pica pica pi pi pi quer conversar e eu quero ler. Não entendam errado, minha irmã é a pessoa mais legal do Brasil, mas eu realmente queria ler. Graças a deus chegou visita e ela foi conversar com a visita e eu fui ler no quarto. Porém, quando a minha irmã não está em casa (viajando, na academia, na balada) e eu não tenho ninguém para conversar, não consigo ler e ainda choro de saudades. Só não contem pra ela, quero manter a minha fama de má.

Minha irmã ficou triste por não ter com quem conversar.

O que é a primeira coisa que vocês fazem quando acordam? Eu abro meu celular e conecto no Gmail. Após esse longo dia babaca descrito acima, abro minha caixa de entrada e vejo um email da minha prima descrevendo um pesadelo onde a minha mãe é assassinada. Não sei vocês, mas acho minha vida tão sem sentido.


E PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Pessoal, acho legal que vocês se identifiquem com o meu blog, me mandem emails etc. Sério, sou extremamente dependente desses elogios, mas vale lembrar que na melhor das hipóteses eu sou uma blogueira e NÃO GAROTA DE PROGRAMA (ainda). Portanto, nada de propostas indecentes de querer passar o dia comigo, querer pagar passagens para eu ficar o fim de semana na sua casa em Cuiabá e tal. Eu não vou. Eu não quero. Vão se foder.