Pênis

Eu deveria ter me formado em Jornalismo no último sábado. Porém, em 2008 decidi largar a faculdade por um ano, e quando dei por mim estava no México uns vinte quilos mais gorda. Se vocês acompanham este blog desde seu período neo-clássico, vocês certamente se lembram dessas e outras histórias. Pois bem, a formatura então não giraria em torno do meu umbigo, mas sim em torno das conquistas, realizações e etecéteras de uma de minhas grandes amigas.

Festas assim tomam todo o seu dia, pois temos a colação de grau, seguida muitas vezes por uma janta em que o formando reúne seus familiares e amigos, culminando com o baile, evento supremo, no final da noite. Já no inicio dessa jornada eu comecei a julgar os outros. Eu sei é horrível e imaturo e etc. E sempre quando eu começo a julgar os outros a minha personalidade se divide em três partes: Il buono, il brutto, il cattivo. Agora vou cantar a música para facilitar a compreensão e divertir o meu espírito.

Uuuuuuu-quén-quén-quén-uuuuuuu-quén-quén. Mentira, na verdade a minha personalidade só se divide em duas: uma honesta consigo mesma e outra ‘Quem-sou-eu-para-falar-dos-outros’. Ou seja, toda vez que eu via uma formanda com uma maquiagem horrorosa e um vestido cafona com cristais e lantejoulas dignos dos meus trabalhinhos da pré-escola, eu considerava essa pessoa boba. Imediatamente em seguida, percebia que ela deveria estar se sentindo bonita e feliz, e que essa aceitação própria era mais importante do que qualquer julgamento feito por terceiros. A única boba do ambiente era eu por não me sentir bem comigo mesma.

Esse jogo do bate e volta se repetiu com a decoração do clube, com os mímicos/palhaços que estiveram presentes, com as músicas escolhidas para tocar na hora em cada um vai pegar seu diploma, com a valsa absurdamente cafona, com as fotos feitas por ‘profissionais de uma empresa’ , com os acessórios ‘divertidos’, como colares e óculos, distribuídos para a recreação dos participantes, com as garrafas de vodka e whisky ‘de qualidade’ dispostas sobre as mesas no que eu identifiquei como sendo um símbolo capenga de status.

Depois comecei a ver todos os gestos em câmera lenta; cada sorriso, cada coreografia de funk, cada gole de cerveja. Fiquei imaginando os dois mil reais que cada acadêmico tirou do bolso para tonar aquele espetáculo possível. Todas aquelas homenagens e as lágrimas de mais uma etapa vencida na vida, e eu só conseguia pensar que se formar em uma universidade particular que nunca exigiu muito esforço não deveria receber tamanho entusiasmo. Como aquela velha máxima “o dinheiro compra tudo” é verdadeira agora. Compre a sua realização pessoal. Será que estou sendo muito dura? Talvez.

A miséria veio com força assolar o meu espírito. Tudo ao meu redor ficou completamente desprovido de sentido. Eu fiquei triste, completamente infeliz comigo. Infeliz por não conseguir ficar feliz pela minha amiga. Ela estava feliz e satisfeita. Eu infeliz, acima de tudo, por saber que daqui um ano quem se forma sou eu.  Um ano. Com a diferença apenas da festa, que acho prudente dispensar.

Daí sou acometida pelo absurdo da vida e do quanto sou chata e do quanto deve ser uma merda ser minha amiga. Pra quê pensar em tantos detalhes? Daí tudo que conseguem me dizer é: “Você precisa fazer sexo”. Será que é só isso? Porque se for só isso a solução dos meus problemas é muito fácil. Se bem que nenhum rapaz vêm falar comigo. Ninguém faz a corte. Ninguém pede a minha mão para papai.

Será que sou feia? Será que sou desinteressante? Ou pior, será que sou apenas mais uma mulher legal com pouca autoestima? Mulher sem autoestima é uma merda. Detesto. Na verdade eu não queria ser mulher, queria ser homem, daqueles bem peludos e escrotos. Nossa, nem sei o que estou falando. Eu entraria muito na bad do tamanho do meu pênis. Se eu fosse homem ninguém leria meu blog pois ele falaria do meu pênis. Gosto de escrever pênis. Pênis.
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Por falar nisso, desabilitei a visualização de acessos. Estou nem aí para quantas pessoas entram aqui por dia. Na verdade, eu ligo pra caralho e decidi seguir o conselho da Cláudia Leite. Ou seja, extravasa, libera e joga tudo pro ar. Vou escrever um monte de parágrafos só pra saber se vocês estão comigo. Daí vocês podem mandar uma mensagem “eu estou com você, Taísa”. Vocês podem colocar um adesivo no carro com essa frase, vocês podem tatuar, mandar fazer um outdoor, ou sei lá, sejam criativos.

Criativa mesmo é a minha irmã. Nada mais engraçado que as mensagens que ela me manda de Londres. Não sei se vocês achariam engraçadas as mensagens in loco, cheias de erros, sem acentuação e nem vírgula. Espero que ela nunca faça um blog, já que ela é bem mais engraçada do que eu e vocês iriam gostar mais dela.

Não, eu não quero encerrar essa postagem. Não importa que eu seja apenas uma universitária esquizofrênica e já sem assunto, vamos prosseguir. Como vocês estão? Podem me escrever no email dizendo isso, eu sempre respondo, sou bem querida. Posso até mandar fotos de cachorrinhos fofos ou bebês. Faço tudo que vocês quiserem pois sou carente de atenção. Minha mãe deve ser a responsável. Culpem sempre suas mães e pensem que eu quero ter filhos. Pobres crianças!

E eu quero ter filhos agora. Ok, só daqui a nove meses então. Estava pensando que se eu tivesse filhos eu pararia de pensar em mim mesma com tanto afinco. Eu deixaria de ser egoísta, compraria Barbies, leria Mark Twain para eles e todas aquelas coisas. Entretanto, tenho medo de afogar os rebentos no banho. Não sei. Não curto crianças, espero gostar das minhas. Vou dar o golpe da barriga em alguém, é uma pena que eu só conheça caras pobres.

Também estou cansada de ler livros grandes. Andar com o tomo da Divina Comédia pra lá e pra cá não está com nada. Estou numa fase que preza pela quantidade. Livros de até duzentas páginas ou por aí. O plano é ler um por dia. Leio merdas, um monte de porcaria e não estou nem aí; quero bater no peito e me exibir para os meus amigos imaginários que li trinta livros em um mês. Quando leio pra caralho me sinto inteligente. Vou encerrar abruptamente porque me distraí com outra coisa. Abracinho.

13 comentários:

Anônimo disse...

hahaha texto muito bem conduzido e bem encerrado. não vou falar mais sobre o tema central do homem, digo, do post, porque só mulheres ficam divertidas quando o citam (e entram na "good" de repetir). Também não vou contrapor citando o elemento oposto a ele em gênero primeiro porque a sociedade 2.0 é muito 1984 e me desprezaria, segundo porque já que o assunto é central fico no centro, mas que eu também não sofra preconceito por isso, amém e tal.

desconhecido autor disse...

Pra quem não sabe, eu pedi Taísa em casamento várias vezes. Expressei meu desejo em ter crianças louras correndo pela casa e aquela vida de fim de novela.

Mas sou pobre, e o amor - quem? - aquele mesmo, está fora de moda.

Meus caraminguados só dão pra viajar sem sair de casa, mas fazer o que?

Talvez eu deva começar a juntar uma grana pra comprar teu dote. Quem sabe eu consigo? Quem sabe eu não gasto tudo com bebida?

Quem sabe.

Ari Denisson disse...

Não fiz formatura. Acho que eu tinha razão. Ou não.

Aqui em Alagoas essa musiquinha já foi vinheta de programa policial de rádio AM.

Mais um texto com um ar positivo (por favor, não entenda positivo como aquelas tosqueiras tipo Criança Esperança, seja feliz e tal).

inga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Um adendo: Eu era a amiga formanda com uma maquiagem de travesti e um vestido cafona com cristais e lantejoulas dignos dos meus trabalhinhos da pré-escola.

E sim, eu paguei dois mil reais por tudo isso.

Ludmilla Cardoso de Oliveira disse...

Taísa, eu estou com você, tenha um bebê, mais daqui não nove meses, espere mais uns anos, assim aumentam suas chances de quem sabe você encontrar um ricão!! Maravilhoso texto, Não se arrependa do que fez, só do que deixou de fazer! Abraço, siguindo!

Sílvia Mendes disse...

cu

Isabella disse...

Penso na hora do discurso e das lágrimas. O problema nem é a faculdade particular; é o baixo nível das pessoas idiotas que se formam com você. Tá aí uma superação pra me fazer chorar neste dia: libertação dos rostinhos bonitos que só queriam mesmo aparecer na TV. Hum, já ia me esquecendo: eu estou com você, Taísa (pois é, preguiça de ser criativa).

Tamara disse...

Tenho pena dos seus filhos.

E vááá, a formatura não foi tão chata assim, foi? :)

El Santibañez disse...

ok, tenho pouco tempo, então vamos direto ao assunto:

Também me choco com estes eventos.
sim, você esta sendo dura.
sim, você é feia, e sim, é desinteressante.
E acima de tudo, para mim você é um homem gordo e peludo.

Você será uma mãe melhor que a sua, mas pior do que a minha. Nada mal...

“eu estou com você, Taísa”.

Diogo S.Campos disse...

"O fantástico mundo de sçzssabatura"


hahahahaha

Eu ia escrever aqui que estou contigo também, mas um monte de gente já fez isso =/
fica a intenção


beijos
Diogo S.Campos
diogoninguem.blogspot.com

Taísa disse...

Love is in the air no meu blog! Estou em júbilo!

Tathiana disse...

Como diria um programa local da TV daqui "Tô contigo, Taísa" rsrs. Parece tudo muito louco, mas gostei do que escreveu e de como escreveu. E, pior, pude entender tudo. E pode piorar mais um pouquinho? Pode!! Além de entender, compreendi - o que é só uma forma menos brega de dizer: me identifiquei! :P