O ano em que não conquistamos grandes nações

Dois mil e nove foi uma merda, eu deveria ter me matado e ressuscitado no terceiro dia para ver se algo emocionante acontecia. Quem sabe a quantidade de leitores aumentasse e alguém tivesse a brilhante ideia de criar uma religião em meu nome. "O sangue de Taísa tem poder" poderia ficar até engraçado se o pessoal tivesse o senso de humor um pouco mais peculiar. Como rir da religião dos outros só rende a discórdia e as lágrimas de pessoas boazinhas, mudemos de assunto.

Este ano releguei a literatura nacional em nome da minha licenciatura em língua e literaturas inglesas; mas segunda-feira, dibobeira no meio da biblioteca, leio as primeiras duas linhas da Angústia do Graciliano Ramos. Cheguei em casa li o troço quase todo. Sempre sinto muita vergonha por ter em mãos coisas muito bem feitas. Vergonha por mim e pela arrogância em que me pego ocasionalmente com esse lance de escrever bem. Aliás, isso é bastante relativo, meus poemas continuam uma porcaria, mas textos em prosa, reportagens, contos, crônicas até que estão mais ousados em seus formatos e conteúdo.

Pois é, tentei inutilmente mostrar um pouco desse meu lado mais sério ao abrir um blog para a publicação da minha "produção artística"; mas não me sinto a vontade. Não consigo abrir mão das coisas; sempre acho que as poesias estão inacabadas ou que os contos necessitam de uma milésima revisão. Daí simplesmente junto a frase "não tenho tempo" e acabo não fazendo nada mesmo. Ano que vêm prometo parar de regular a mixaria e liberar alguma coisinha para o povo interessado. Tenho milhares de coisas nos meus cadernos, agendas, pen-drives, emails, Meus Documentos e afins; organizar não é difícil, o problema é dar a cara a tapa com uma coisa que eu levo por demais a sério. Será frustrante perceber que só atraio leitores pela exposição errática da minha vida, mas alguma hora eu teria que encarar essa triste verdade.

Os meus dois feitos favoritos do ano são a perda de 18 quilos e a leitura de A Montanha Mágica. Sinto que poderia até sair na capa da Boa Forma, não necessariamente segurando o livro do Thomas Mann, mas algo assim. Pessoal por aí diz que sou inteligente, mas insisto em afirmar que sou apenas mais um rostinho bonito na TV.

Também comecei a idolatrar Virginia Woolf e Sylvia Plath, algo que deixou os familiares ligeiramente preocupados. Quem limparia a casa se eu resolvesse imitá-las dando cabo em minha nobre vida? Digo que nem me mato, pelo menos não enquanto não ler, sei lá, Luz em Agosto ou os sete do Proust. Não sei, se dizem que os franceses são chatos, ficarei com os nordestinos. Reitero o Graciliano e um Guimarães Rosa para dar alegria.

Pensando bem, o ano nem foi dos piores; gosto de fazer um draminha, vocês bem o sabem. Descobri em fevereiro o hipotireoidismo e minha vida mudou radicalmente; foi com o tratamento que perdi todos aqueles quilos. Teoricamente também deixaria de estar tão cansada e irritada. Sim, confesso que ainda espero esses efeitos promissores que a vida medicamentosa prometeu. Sinto que estou sempre doente, com um nó na garganta, um nojo de tanta coisa. Nem tenho motivos, a vida é boa e tudo e tal. Deve ser essa pós-modernidade que bate na janela e nos põe confusos como o diabo!

Vi bons filmes, dentre eles Os incompreendidos e Os sete Samurais. Conheci umas bandinhas legais que me causam uma abstração once in a while. Houveram ainda rapazes; um que era analfabeto, outro que não me quis e um que atualmente me quer. Sei que outras coisas relevantes devem ter acontecido, mas elas não surgem agora. Ainda temos tempo, e uma coisa é certa: já nem dou mais conta de tanta informação.



Um Ipod e uma xícara de café.


Taí, mais uma postagem sem nenhum propósito.

12 comentários:

Taísa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlio Sandes disse...

Rapaz...se eu te disser que comecei a reler "Angústia" ontem e que considero essa a melhor obra da literatura brasileira que já li,você acredita? Gosto de Graciliano Ramos,o jeito que os personagens dele são simples e ao mesmo tempo complexos muito me agrada - garanto que não tem a ver com o fato de sermos conterrâneos.

Esse "não tenho tempo" é uma praga,mesmo quando é verdade. A gente acaba usando essa desculpa pra se limitar em todos os aspectos. Mas eu já garanto que a partir de dia 21/12,quando terminar minha infindável maratona de vestibulares,vou chutar o pau da barraca e fazer tudo. Ou quase tudo.

Ari Denisson disse...

Vai parecer comentário-tosco-de-adolescente-fã-da-saga-Crepúsculo, mas não posso deixar de falar que por "conhecidência" Nantes é a canção que mais tenho ouvido esta semana.

Taísa disse...

Nantes é trilha de Crepúsculo? Se for juro por tudo na Terra que nem sabia. Afinal, a música nem é tão nova assim.

Taísa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
desconhecido autor disse...

Graciliano é o Pai, até Jah tira a boina rasta pra ele. Existem grandes obras da literatura brasileira e existe Angústia. Esse ano foi meio duro mermo, mas fazêoquê? Vida de nêgo é difícil...

Anônimo disse...

você esqueceu de mencionar que 2009 foi o ano em que você descobriu sua paixão por robert pattinson.

Taísa disse...

Eu gosto do lobisomem também. Pegaria ainda a menina, se ela me quisesse, claro. A verdade é que ando muito hormonal. Voltarei a ler Sabrina/Bianca ou qualquer coisa que contenha a sentença "membro entumescido".

Ari Denisson disse...

Não, nada a ver com trilhas. É que esse tipo de comentário com músicas e coincidências me soa bastante adolescente.

Lembro-me de ter lido algo parecido a "membro intumescido" em Sidney Sheldon. Era a maior saída da biblioteca da escola. Os tradutores desses romances sofisticam lindamente a putaria.

Taísa disse...

Acho que nunca li Sidney Sheldon, mas sempre há uma primeira vez...

Tamara disse...

Esqueceu de falar que esse ano você ME descobriu! Ha-ha! Tô com Graciliano aqui do meu lado, me olhando. Ai, vou ler.

BLOG do GIBA de OLIVEIRA disse...

Tem Umberto Eco. É bom.
Vou ficar por isso mesmo. Senão falo besteira.
Grande abraço.