Eu poderia fazer um longo relato da minha última ida a São Paulo, mas infelizmente o texto envolveria funcionários da Globo, substâncias ilegais e anões. Fora que eu já estou parecendo aquelas pessoas super mentirosas que inventam histórias fantásticas para atrair amigos. Um dia o Ruy Castro escreverá minha biografia e vocês saberão de toda a verdade. Até lá, falemos dos evangélicos.
Sim, evangélicos. Eu queria muito falar mal dos crentes, com aquelas frases bem construídas e cheias dos significados dúbios, mas tenho pena. Não daqueles senhores sofridos e nem das matriarcas que só encontraram a salvação em Jesus Cristo. Tenho pena é dos jovens; gente estudada que esquece a razão após sofrer lavagem cerebral na mão de pastores de segunda classe.
Param de ler, de escutar músicas convencionais e o pior, tentam te convencer que aquilo é o certo. Ou nem tentam te pregar nada, mas te excluem da rodinha de "pessoas de bem". Eu, coitadinha, levei um fora de um crente enrustido. Descobri por acidente a opção religiosa do rapaz, talvez ele nem seja batizado e não tenha um CD da Aline Barros, mas que a coisa foi pra lá de bizarra e humilhante eu não posso negar.
Claro, eu sou mesquinha, asquerosa, repleta de preconceito até a cor vermelha da minha aura, mas poxa, crente. Eu aceitava levar fora de alcoolatras, desdentados, arianos, fisioculturistas, mauricinhos, judeus, vegetarianos, palhaços profissionais, pedagogos, bancários, socialistas, surfistas, padeiros, vereadores, modelos, panfleteiros, mas crente?
Na verdade tenho dificuldades para superar a rejeição. Essa história de crente, apesar de real, é só um escape. Não sei qual membro da minha família não me amou o suficiente e eu acabei assim; solitária. Até escureci meu cabelo na esperança de alguma coisa. Pois é, até a tinta vagabunda desbotar, sou praticamente morena. Será que eu não tenho personalidade?
Cansei de procurar um namorado. Tomei consciência que nasci para uma vida sofrida, cheia de coisas que não fazem sentido e muito pouco afeto. Minha irmã, cansada de me ver abatida pelos cantos, ofereceu-me ajuda através da literatura especializada. Livros como "Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas" e "O que toda mulher inteligente deve saber" são facilmente encontrados pelos sofás da minha casa. Eu andei lendo errado; Jane Austin, Virginia Woolf e Silvia Plath não sabem nada sobre relacionamentos.
Dentre outras coisas, aprendi que a mulher nunca deve tratar o homem com quem está saindo como se fosse o último. Aliás, é preciso trocar bastante. Deve-se usar a intuição feminina, perceber as atitudes dos caras babacas logo no início e o importante não é o que ele sente por você, mas sim o que você sente por si mesma. Tá, mas e o que eu sinto por ele? Eu só quero ser uma boa esposinha. É preciso fingir tudo, disfarçar sobre qualquer sinal de insegurança, e ainda ser linda, sem celulite e boa de cama?
Diante desses novos conhecimentos até considerei o lesbianismo. Mas sei lá, tenho preguiça de me incluir nesse mercado e até um pouco de nojo, mesmo a modalidade bissexual estando na moda, sinto que não vim ao mundo pra essas coisas. A minha utopia começou quando eu tinha uns quatro anos e alguém me impôs a história da Cinderela como sonho a ser conquistado. Beleza, eu posso ser uma Cinderela-Jornalista-Licenciada-em-Letras né? Ou preciso apelar para o feminismo moderno de Sex and The City? Aliás, tenho me inclinado por essas bandas da superficialidade e tem sido cada dia mais difícil lutar contra o sistema.
Ó, mundo cruel e lamentável, por que és povoado com pessoas burras e retardadas?
17 comentários:
Se o mundo fosse dominado de pessoas inteligentes teria letra maiúscula, assim como aquela palavrinha chave para pessoas, normalmente, incompetentes.
amo-te.
Me aceite logo no orkut e então cessarão suas reclamações, nobre colega blogueira. =P
Olha aqui mocinha... não fale do que não entende.
Jesus Cristo morreu na cruz por você, e como você retribui? com sarcasmo e discrença?
Nossas músicas e livros são a nossa maneira de nos aproximarmos do senhor, e de sentir a presença de Deus mais perto de nossos corações.
huahuahuahuahuahua
Agora falando sério, jovens evangélicos são burros.
Seja lésbica!
bjo ^^
H-E-R-E-G-E!
Ah se a santa inquisição te pega!
Deixa essa polidez de lado. Tais muito limpinha, minha filha. O mundo lá fora necessita de um tanto mais de sangue e vísceras. 'Ah, a Taís quer casar', legal...?! Vai começar a valer a pena quando você deixar de escrever como uma menina esnobe e deixar o esmalte carcomido e os dedos amarelos. Má sorte pra você.
Taísa, passamos pelo menos problema (só que com gênero trocado, claro). Amigo meu me disse dia desses que 'no jogo do amor, ganha quem se importa menos'. Apesar da feição de mensagem-pessoal-indireta de MSN, vale pra todos os casos: dos crentes às vagabundas. Adoro teu blog.
@gogss :)
o melhor é o título!
=D
Só pra constar que eu errei seu nome duas vezes e eu estava sóbrio, o que raramente acontece
:)
Viver é muito complicado e tenho dito.
yo q to apaixonado por isso aqui.beijo,gracias pela leitura de modos
Adorei!
É, os evangélicos estão aí, dominando a quarta nação mais protestante do mundo: nas universidades, no serviço público, nas piadas de South Park ou Family Guy e na vida dos agnósticos (ou, neste caso, das agnósticas). E lendo os blogues onde se fala deles.
Tenho tentado resistir a algumas tentações de crente. Uma delas é a de achar que só seus pares têm o conhecimento necessário de seu mundo pra poderem criticá-lo e dizerem coisas como "Ah, mas você não pode falar do que não entende". Ou então de pseudopsicologismos como "Eu entendo exatamente o que você sente e sei como você chegou a esse equívoco e, importante, COMO SAIR DELE". Ou o simplismo "só porque sou crente não sou inteligente?" (até porque já aconteceu de eu escrever coisas assim em tempos anteriores).
Digo as tentações mais "intelectualizadas" porque as mais emotivas — "Você precisa se arrepender", "de Deus não se zomba", "você não deveria dizer essas coisas", "isso é preconceito!" — já não me atingem. Noutros tempos me ofenderia, tentaria defender uma pretensa inteligência, mas, bem, também não sou desses que têm um álbum da Aline Barros ou que choram ao som de Sérgio Danese (ou da versão pagodinho que fizeram de "♪♫Entra na minha casa, entra na minha vida...♫♪"). E, vá lá, também me falta certa persicácia.
"viver é um negócio estranho..." é o começo dum post que eu to guardando e não postei ainda...
tem alguns modos de encarar esse negócio: Unir-se e espinafrar o resto do mundo, exceto nossos amigos e ídolos. Fazer planos lindos pro futuro(e aguentar a ansiedade pela demora na execução dos mesmos). Tem a opção de vagar por aqui e ali sem plano nenhum. E outras. Ultimamente escolhi um pouco da segunda e terceira opções.
Tenho me sentido bem nos últimos tempos, seja como for, algumas semanas de bem estar podem fazer valer a pena o resto.
(nassa, não sei onde eu queria chegar, só sei que não cheguei à lugar nenhum, mas gostei do texto, que apesar da melancolia, manteve o ótimo nível.)
té
stay nice!
Agnóstica não; ateísmo é o caminho, a verdade e a vida.
Desculpe, mania feia essa minha de confundir os termos. Valeu pelo "pertinente", muito me lisonjeia.
Eu preciso parar de me drogar. Eu não errei seu nome duas vezes não. Errei uma e provavelmente foi erro de digitação. Eu escrevi sóbrio, mas me corrigi ébrio. Rá!
Não que eu me incomode de escrever errado às vezes, tô cagando pra isso.
Posta algo novo aí. Cansei desse texto aí no topo do blog (malditos leitores, né?).
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