Em pessoa sou bem mais conservadora do que por escrito

Tenho estado distante dos meus nobres e célebres leitores por alguns motivos; um deles é a lavagem cerebral que sofri há alguns tempos atrás. Nesta mudança chocante de comportamento estabeleci que ter um blog é algo estúpido, sendo ainda mais estúpido quando o conteúdo dessa página da internet é a sua própria vida. Estou desesperada com minhas oscilações textuais e repito o que venho afirmando em outras postagens: acho que não tenho personalidade.

Outro motivo é que, pasmem, agora eu trabalho. Pensei até em começar a ler A Escrava Isaura para sentir nos olhos através da leitura como a vida de serviçal deva ser, mas tendo tantas coisas para fazer, acabei ficando só na vontade. Vocês sabem qual o efeito, a longo prazo, de cursar duas faculdades e ter um estágio? Sei lá, acho que ficar batendo a cabeça na parede é um sinal de que já não consigo disfarçar o estado de demência. Quanto será que custa acolchoar as parades da casa?

Minha existência pós-moderna nunca foi tão promissora, tudo inacreditavelmente corre bem. Entretanto, começo a sentir falta das tardes de enriquecimento cultural em que passava em casa vendo Oprah. Eram bons tempos aqueles, temo pelo meu processo educativo. Falando em televisão, acabo de perceber o chato do Lenine com o supervalorizado Arnaldo Antunes cantando as “brasilidades” do Brasil-sil em um canal qualquer. Infelizmente perdi o controle remoto e estou considerando arremessar o notebook na televisão. São nessas horas que realmente sinto falta das aulas de matemática; quais são as probabilidades de eu conseguir estragar a televisão e sair com o computador ileso? Não tenho paciência com esse tipo de gente e estou disposta a tudo para fazê-las calarem a boca.

Um terceiro e último motivo para o descaso com o blog, talvez alguns de vocês já o tenham percebido, é o fato de eu não conseguir elaborar um bom texto com começo, meio e fim. Falo, falo e falo e não digo nada. O pessoal que se perde em elogios por aqui, talvez não esteja conseguindo perceber a superficialidade com que trato os meus supostos conteúdos. Sempre digo que escrever bem não é por uma frase de impacto aqui e outra ali. Portanto, parem com a rasgação de seda pro meu lado e tomem atitudes mais concretas como, por exemplo, me pagar uma cerveja. Se bem que um elogio de vez em quando não seja de todo ruim. Minha família me tranca em um quarto escuro e me espanca a cada três horas, mas apesar disso ainda gosto de me sentir amada. Sei lá, agora que dei uma breve satisfação sinto que podemos continuar com as nossas vidas.

Seguindo com as nossas vidas através do meu humor auto-depreciativo
Gostaria de por em pauta coisas legais que aconteceram nessa semana, como a lésbica que me adicionou no MSN e meu vício por um aplicativo do Facebook. Nada demais em ambos os casos, no inicio a sapata pareceu ser a solução para os meus problemas, mas (in)felizmente fui apenas uma grande vítima do meu próprio entusiasmo para uma vida melhor. Depois descobriu-se que ela era uma grande farsa assim como os meus desejos pelo mesmo sexo. Sei lá, acho que essa foi uma forma de protesto partida do meu inconsciente cansado das minhas expectivas por garotinhos que são verdadeiros exemplos da categoria Fernando-Henrique-Cardoso-To-Be, ou seja, falsas promessas de intelectualidade. Não que eu vote no PSDB, foi só um exemplo, respira. Já o joguinho do Facebook é usado em meu cotidiano como desculpa para delegar tarefas e gastar o meu precioso e escasso tempo de forma burra e ineficaz.

Leio e insisto que vocês também o façam
Só agora que parei para ler o sarcástico O LIVRO DOS INSULTOS do jornalista H. L. Mencken. Esse é um daqueles livros que certamente marcarão a sua vida. Nem vou citar as tiradas ótimas que poderão ser usadas nas mais divertidas mesas de bar durante o resto de seus dias. Recomendo mais do que qualquer coisa que eu já tenha recomendado por aqui. Tá, mentira, recomendo que vocês me deem dinheiro. 

Um último protesto
Que saco essa conversinha de como devemos nos comportar no Twitter. Abaixo os puristas! Proponho à todos que estão cansados desse terrorismo cultural uma espécie de Semana do Twitter Moderno. Chega daquele papinho clássico: “Por que na verdade a pergunta do Twitter, What are you doing?, é muito mais complexa, não se limitando ao blá-blá-blá..”. Aos sociólogos de plantão, sinto em contar verdade, mas o Twitter é uma rede social paliativa como qualquer outra. Ok, ele foi usado como mecanismo de comunicação no Irã etc., mas não me venham com a conversa clichê de “era mais legal quando não era modinha e a galera trocava informações consistentes”. Essa época dourada só existe na cabeça de vocês. O Twitter pode ser bem legal, inclusive profissionalmente, mas se fazer arrogante e didático é uma das poucas coisas que conseguem ser mais chatas que Lenine. Bom senso é a palavra de ordem.

9 comentários:

Ari Denisson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Je disse...

Eu gosto muito do Twitter, Blogger e Orkut, mesmo que repita para o Mundo que odeio.

Estas ferramentas bobinhas trouxeram para a minha vida várias novas pessoas bacanas que não teria a oportunidade de conhecer fora da Internet

Ari Denisson disse...

Mas não tem pra que ser profundo o tempo todo. Pra quê ter "alma de chumbo e segredo"? Sábio era Salomão: "há tempo pra tudo: tempo de fazer cara de enlevado ouvindo a OSESP tocar o Bolero de Ravel e tempo de cantarolar o trecho de 'O Nome dela é Marieta' que toca no porta-mals de um carro que passa..."

Phillip disse...

li o comentário sobre o twitter.

muito bom, só perdi o povo puritano.

desconhecido autor disse...

Eu tava vendo o jogo, tô bêbado, mas vc sabe que eu tenho compulsão por comentar... Não me lembro sobre o que foi o texto, algo sobre lamentações. 'Saidessa', saca? Se lamentar é chato pra caraleo. Eu sei porque me lamento muito.

Tamara disse...

Vamos parar com os dramas? Eu fazia dois estágios e duas faculdades e tô bem, tô aqui, tô viva. Fui demitida de um estágio, mas tudo bem.. Portanto, não há motivos para você gastar seu belo dinheirinho de bolsa-auxílio com a parede. Guarde para gastar com as lésbicas. Elas gostam!

Anônimo disse...

adotei um mantra que renan ensinou e você deveria usar:

Mais um dia é menos um dia.

Pense a respeito.

Anônimo disse...

Sei que o cu não tem a ver com as calças, mas é preciso mudar sua descrição. Agora você trabalha. =P

Taísa disse...

Mas ainda tenho que esfregar as privadas! Meu "quem sou eu" está bastante defasado mesmo.